O trabalho consiste em um projeto de uma habitação privada, localizada em uma colina na fronteira norte/oeste da cidade. O terreno, de 3020 m2, tem uma topografia em declive que se desenvolve em uns 15 metros de desnível, desde o ponto de acesso da rua até seu ponto mais alto, no sopé da montanha.
O projeto devia pensar uma habitação para um casal mais velho, com um deles padecendo da doença Alzheimer, e sua esposa com dificuldades motoras para subir ou descer escadas. Estas condições exigem, então, espaços adequados às rotinas domésticas de seus moradores.
Estas exigências determinam a localização do volume no ponto +13metros do terreno, organizando-se todo o programa em apenas um andar, mas com a possibilidade de vistas longas sobre o vale da cidade.
A diferença de nível é resolvida com uma rua interna, da portaria de acesso na rua, até o pátio norte da casa, ao pé da montanha. Neste lento percurso, pode-se apreciar os terraços ajardinados, paredes de pedras e belas vistas, tanto da cidade como da própria casa.
A habitação, que está sobre um amplo terraço, comporta-se como um grande marco urbano, capaz de captar as vistas da cidade e das colinas vizinhas. Dentro desse dispositivo visual, é desenvolvido todo o programa pedido. No sul e com as principais visuais, estão as áreas sociais, estúdio e dormitórios, tanto os principais, como o de enfermeiros.
No centro do volume, todos os serviços, banheiros, cozinha e lavanderia. Ao norte, têm-se a fachada de acesso, com a circulação principal e armários, que funcionam como elementos tridimensionais até a garagem.
A relação com a rua é desenvolvida a partir de uma série de volumes que abrigam serviços e pontos de controle. O acesso a casa é através de uma rua interna, projetada como um passeio através do jardim, com o que se garante a subida dos proprietários até a porta principal. Este percurso é feito através de terraços, nos quais aparecem elementos do paisagismo do lote, e depois com o volume da casa.
O veiculo rodeia este volume e se encontra com o pátio superior, definido pela fachada norte da habitação e a colina. A entrada da residência é definida por uma marquise e o estacionamento coberto. Do lado oposto, está o corpo de serviços, que apoiam a habitação.
O tour na casa tem pode ser apreciado através de duas percepções diferentes, uma como visitante e outra como habitante. O morador, um dos quais perdeu a capacidade de se comunicar, tem como principal eixo de circulação, um largo corredor que vai de leste a oeste, e conecta todos os ambientes da habitação, desde as áreas de serviços até o quarto principal.
Já para o visitante, o projeto se comporta de uma maneira absolutamente oposta e é percorrido por um eixo transversal, que vai de norte a sul, cruzando um largo e curto corredor, que conduz da porta principal até a nave principal, que novamente gira no sentido leste-oeste, perpendicular a essa circulação.
Este passeio é guiado pelas visuais da Casa, que fazem fundo à sala de estar e às áreas sociais, levando o visitante até o terraço principal e o jardim.
Como um pivô da organização do projeto, está a cozinha, como elemento central da organização da planta, garantindo a vida domestica e seus rituais, apesar das condições especiais que exige o trabalho.